Embora esteja mostrando sua força agora – em editorais, desfiles e no visual “moletom e chinelo” de Rihanna -, a tendência de buscar no básico o novo luxo vem sendo construída em fogo brando – num ritmo que talvez contrarie a velocidade das novidades no mundo da moda.
Ou seja, não estamos falando da reviravolta causada pelo look de ontem de uma it-girl nem das apostas de um grande designer de Paris ou Nova York. Está mais para o figurino que acompanha um novo momento histórico para as mulheres. Vindo da realidade e feito para ela.
Em 2013, Suzy Menkes, então editora de moda do The New York Times, já havia publicado um texto no qual se mostrava um tanto chocada com o “efeito pavão” dominante na audiência dos desfiles – leia-se, fashionistas e blogueiros “montados” em looks que chamavam mais atenção do que as próprias coleções. O apelo de Suzy parecia ser: “Vamos relaxar um pouco? A vida não é um imenso Project Runway”.
Mais ou menos na mesma época, começamos a ouvir o termo normcore. A expressão dava conta de um jeito “comum” de se vestir. Jeans, tênis e camiseta? Ok. Saia longa de algodão com rasteira? Ótimo. Cabelo solto, com volume natural? Sim! A mensagem é simples: “relax”, é o que moda está dizendo.
A entrada dos flats no mundo do luxo é um dos sinais desse novo movimento. Não apenas as já conhecidas sapatilhas e rasteiras, mas a “invasão” dos oxfords, dos chinelos, dos mocassins e dos tênis. Peças que saíram de situações supercasuais para se aventurarem (com sucesso) em baladas, festas de casamento, no ambiente de trabalho – e também nas portas dos desfiles, onde antes só havia “pavões”.
A ideia do conforto superando padrões estabelecidos de feminilidade – como saltos altíssimos ou roupas que às vezes de tão apertadas chegam a incomodar – parece ter uma força maior que outras reviravoltas da moda.
E por que esse movimento pela simplicidade deveria ser considerado mais promissor do que os outros? A resposta pode começar pelo fato de que, desta vez, a mudança não tem propriamente a ver com moda e sim com comportamento.
“Definitivamente, não se trata de um truque de mainstream que irá embora com a primeira brisa”, escreveu a editora de moda Vivian Whiteman, em matéria sobre o assunto na revista ELLE. “A última década foi de luta por abertura, possibilidades e novas escolhas. A moda vai girar, os desejos podem mudar, mas as moças de ontem e hoje conseguiram fazer uma rachadura definitiva no padrão”.
Conheça as peças que se tornaram essenciais na temporada:
Vestido básico – Inspirados nos slip dresses, populares nos anos 90, voltou com força no Verão 2017. É uma das peças que melhor representa esse novo momento da moda
Pantacourt – A calça confeccionada em tecido e com corte de alfaiataria tem shape solto e cintura mais alta. É versátil o suficiente para compor looks com tênis, rasteiras ou saltos.
Saia midi – O comprimento médio é o pulo do gato
Blusa ombro a ombro – É “o” decote desse verão. Feita com tecidos mais macios e shape soltinho, a peça pode ser usada em looks dos mais sofisticados aos mais casuais
Tops e regatas cropped – Faz tempo que o top é uma peça essencial no armário. Agora, com o básico ganhando mais e mais corações e guarda-roupas, a peça pede cada vez mais exposição
Saia lápis – Ela já foi a queridinha das grandes maisons. Em meados dos anos de 1990 – as versões da Versace eram de um glamour quase cinematográfico. Agora, voltam como aliadas do street style